Safra 2024/25 nos EUA Terá Mais Soja e Menos Milho
Reflexões dos fatos e números do agro em janeiro/fevereiro e o que acompanhar em março
Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva e Beatriz Papa Casagrande
Na economia mundial e brasileira, o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil no dia 15 de fevereiro trouxe novas estimativas para a economia nacional. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi projetado em 3,8% em 2024 (queda mensal) e 3,5% em 2025 (ligeira alta mensal). Enquanto isso, o PIB (Produto Interno Bruto) foi calculado para ter um crescimento de 1,6% neste ano (ligeira alta) e 2,0% no próximo ano (manutenção). O câmbio, por sua vez, deve terminar o ano corrente em R$ 4,92 (queda) e em R$ 5,00 no ano subsequente (manutenção). Por último, a taxa Selic deve ser de 9,0% ao término de 2024 e de 8,50 ao final de 2025 (ambas em manutenção).
No agro mundial e brasileiro, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) divulgou o índice de preços dos alimentos do primeiro mês de 2024, fechando em 118,0 pontos, 1,0% menor do que o registrado em dezembro de 2023. Em relação há um ano, o índice é 10,4% menor. A queda nos cereais (-2,2%) e carnes (-1,4%) compensaram o aumento do açúcar (+0,8%). Enquanto isso, os laticínios (0,0%) e óleos vegetais (+0,1%) permaneceram praticamente inalterados. A retração dos cereais foi puxada principalmente pela queda do preço do trigo (colheita em importantes países produtores no Hemisfério Sul) e do milho (melhores condições climáticas, início da colheita argentina e boa oferta nos estados Unidos). Nas carnes, as aves e suínos continuam com preços sustentados pela ampla oferta e demanda moderada, enquanto os bovinos tiveram queda mais acentuada devido à grande oferta de exportação da Oceania e América do Sul. Por outro lado, o aumento do açúcar foi impulsionado pelas incertezas diante do impacto da escassez de chuvas no Brasil em janeiro e perspectivas não animadoras para Índia e Tailândia.
No 2º relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 2024, relacionado a safra global de grãos em 2023/24, as estimativas para produção de milho foram revistas para baixo: de 1.235,73 mi de t (janeiro) para 1.232,57 mi de t (fevereiro); 3,2 mi de t a menos. Apesar da baixa, a oferta global do cereal será 6,6% maior do que a de 2022/23 ou 76,6 mi de t adicionais. O principal ajuste veio para o Brasil, de 127,0 mi de (janeiro) passamos a 124,0 mi de (fevereiro), safra que deverá ser 9,5% menor do que a passada. Os números de produção vieram iguais para Estados Unidos (389,7 mi de t; +12,4%), China (288,8 mi de t; + 4,2%), União Europeia (60,1 mi de t; +14,7%) e Argentina (55,0 mi de t; +57,1%). Já a estimativa para os estoques finais de milho caíram de 325,2 (janeiro) para 322,1 mi de t (fevereiro), volume que, ainda assim, será 7,3% superior à da safra passada; 21,8 mi de t adicionais. Em Chicago, o contrato de mar/2024 do milho estava em US$ 4,171/bushel em 21/02, 6,4% inferior ao valor negociado no mesmo dia do mês passado (US$ 4,456/bushel).
Na soja, o USDA fez um leve ajuste na oferta global, passando de 399,0 (janeiro) para 398,2 mi de t (fevereiro); 800 mil t a menos. Ainda assim, esse volume será 5,3% maior do que o safra passada ou 20,2 mi de t adicionais. A previsão para o Brasil foi reduzida em apenas 1 mi de t, de 157,0 para 156,0 mi de t (-3,7%), enquanto foram mantidas as estimativas para os Estados Unidos (113,3 mi de t; -2,5%) e Argentina (50,0 mi de t; +100%). Mesmo com o ajuste na oferta, os estoques finais foram revistos para cima com a calmaria na demanda internacional: de 114,6 (janeiro) para 116,0 mi de t (fevereiro), 12,0% maior ou 12,4 mi de t adicionais na comparação com 2022/23. Esse balanço explica o que tem acontecido com os preços do grão. O contrato de mar/2024 em Chicago estava em US$ 11,725/bushel em 21/02, 3,2% menor do que as negociações há 30 dias; era de US$ 12,114/bushel.
No algodão, a previsão de oferta global foi de 24,64 (janeiro) para 24,56 mi de t (fevereiro), volume que será 3,0% menor do que o do ciclo passado; ou 750 mil t a menos. Os números foram mantidos nos três principais produtores: Estados Unidos com 5,98 mi de t (-10,5%); Índia com 5,44 mi de t (-4,85%); e Brasil com 3,17 mi de t (+24,3%). Os estoques finais da pluma foram reduzidos em 150 mil t, e estão agora em 18,22 mi de t, o que deve significar uma alta de 0,8% ou 160 mil t adicionais na comparação com 2022/23. O contrato de mar/2024 do algodão em Chicago estava em 91,64 centavos de dólar por libra-peso, alta mensal de 9,4%. Há um mês, as negociações giravam em torno de 83,76 cts/lp.
O USDA também divulgou a 1ª previsão da safra 2024/25 de grãos nos Estados Unidos, um dos relatórios mais importantes nesse momento. Para a soja, o órgão prevê uma área de 35,4 mi de ha (+4,7%) e uma produção em 122,47 mi de t (+9,0%); o aumento na produção em taxa superior à da área é justificado pela alta na produtividade de 8,2%. Os estoques americanos da oleaginosa devem fechar o ciclo em 11,8 mi de t, 38,1% superiores a 2023/24. No milho, a previsão indica uma área de 33,6 mi de ha (-3,9%) e produção de 382,0 mi de t (-1,8%). A produtividade do cereal deve ser 2,0% superior ao ciclo passado, enquanto os estoques finais no país ficarão ao redor de 64,3 mi de t, 16,6% maiores do que em 2023/24.
No 5º levantamento divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a safra 2023/24 de grãos foi revisada novamente para baixo, dessa vez em 299,7 mi de t, o que representa uma queda de 6,3% ou 20,1 mi de t a menos do que o registrado na última temporada (319,8 mi de t). Em relação ao último boletim divulgado em janeiro (306,4 mi de t), a queda foi de 6,6 mi de t (-2,2%). A estimativa de produção para o milho é uma queda de 13,8% frente o último ciclo, ficando em 113,7 mi de t, sendo que 23,6 mi de t serão da 1ª safra, 88,1 da 2ª safra e 1,9 da 3ª safra. Para a soja, a produção deve ficar em 149,4 mi de t com uma queda de 3,4%. No entanto, mesmo com a quebra de safra por conta das condições climáticas adversas, essa ainda deve representar a segunda maior safra de grãos da história, atrás apenas do ciclo 2022/23. Em relação a área plantada, deve ser ligeiramente menor na temporada atual, ficando em 78,3 mi de ha (-0,3%), sendo que o milho deve perder 1,8 mi de ha (totalizando 20,4 mi de ha) e a soja deve aumentar 1 mi de ha (45,1 mi de ha).
Já estimativas feitas pela Agroconsult, como parte do projeto “Rally da Safra 2024”, indicam que a área plantada de soja em 2023/24 deve ficar ao redor de 45,7 mi de ha, 2,9% maior que 2022/23. A produção foi revista de 153,8 (janeiro) para 152,2 mi de t (fevereiro), queda de 4,7% na comparação com o ciclo passado. Outro dado relevante aponta a produtividade média nacional da soja, que está em 56,0 sacas por ha, mas já com tendência de queda para 55,5 scs/ha nesse próximo mês.
A colheita de soja alcançou 29,4% da área total prevista para o Brasil, até o último dia 17 de fevereiro, segundo a Conab. Há um ano, o progresso era de 23,0%. O estado do Mato Grosso já alcança 61,3% de progresso (2023: 59,6%); o Paraná está em 30,0% (2023: 8,0%); e Goiás chegou aos 26,0% (2023: 17,0%). Já a colheita do milho verão (1ª safra) avançou 21,4% da área prevista, contra 13,9% no mesmo período do ciclo passado. Rio Grande do Sul está com 59,0% das áreas colhidas (2023: 47,0%); Paraná tem 40,0% de avanço (2023: 8,0%); e Santa Catarina encontra-se com 32,0% de progresso (2023: 20,0%).
No milho safrinha (2ª safra), 45,3% dos campos previstos já foram semeados, 12 pontos percentuais a mais do que o mesmo período da safra 2022/23 (33,3%). Os estados com maior avanço são: Mato Grosso, com 67,1% (2023: 56,7%); o Paraná, com 40,0% (2023: 13,0%); e o Tocantins, que já chega aos 35,0% (2023: 40,0%).
Outra atualização da Conab refere-se a fenologia das lavouras. Até o dia 18 de fevereiro, a soja estava com 5,5% dos campos em desenvolvimento vegetativo; 13,4% em floração; 24,6% em enchimento de grãos; 27,1% em maturação; e 29,4% colhido. Já o milho 1ª safra apresentava 1,4% dos campos em emergência; 23,5% em desenvolvimento vegetativo; 11,6% em floração; 19,3% em enchimento de grãos; 22,6% em maturação; e 21,4% colhido. No algodão, cujo plantio foi intensificado (e concluído) nas últimas semanas, 83,9% das lavouras encontram-se em desenvolvimento vegetativo; 11,4% ainda estão em emergência; 3,6% em floração; e apenas 1,1% em formação de maçãs. Por fim, na cultura com semeadura mais recente, o milho safrinha, 33,3% das áreas encontram-se em emergência e 66,7% em desenvolvimento vegetativo.
O USDA também divulgou o estudo “Agricultural Projections to 2033” apontando as principais previsões para o mercado global do agro na próxima década. No milho, as transações globais devem saltar de 196,3 para 236,4 mi de t até 2033/34 (+40,1 mi de t ou +20,4%). Os principais importadores do cereal em 2033 serão: 1) China com 26,0 mi de t ou 11,0%; 2) México com 23,9 mi de t ou 10,1%; e 3) a União Europeia com 21,1 mi de t ou 8,9%. Já os maiores exportadores serão: 1) o Brasil com 77,5 mi de t ou 32,8% do mercado; 2) Estados Unidos com 63,5 mi de t ou 26,9%; e 3) a Argentina com 45,7 mi de t ou 19,3%.
Na soja, o volume transacionado deve sair de 168,2 mi de t (2023/24) para 221,6 mi de t (2033/34) (+53,4 mi de t ou +31,7%). Os principais compradores da soja serão: 1) China com 138,3 mi de t ou 62,4%; 2) União Europeia com 14,3 mi de t ou 6,4%; e 3) México com 7,5 mi de t ou 3,4%. Nos exportadores, os destaques em 2033 serão: 1) Brasil com 133,2 mi de t ou 60,1% do mercado; 2) Estados Unidos com 58,1 mi de t e 26,2% de share; e 3) Argentina com 8,5 mi de t ou 3,8%.
No algodão, o comércio global vai de 11,9 para 14,2 mi de t entre 2023/24 e 2033/34 (+2,3 mi de t ou +19,3%). Os principais importadores serão: 1) Bangladesh com 2,9 mi de t ou 20,4%; 2) China com 2,7 mi de t ou 19,0%; e 3) Vietnã com 2,6 mi de t ou 18,3% do mercado. Do lado das exportações, os principais em 2033 serão: 1) Estados Unidos com 4,5 mi de t e 31,7% do mercado; 2) Brasil com 3,9 mi de t e 27,5%; e 3) Austrália com 1,4 mi de t e 9,8% de participação.
O relatório do USDA também apresenta as previsões para o comércio global de proteínas animais. Na carne bovina, temos: os embarques indo de 11,8 (2023) para 13,5 mi de t (2033) (+1,7 mi de t ou +14,4%); a China como principal importador em 2033, com 3,9 mi de t ou 28,9% do mercado; e o Brasil como principal exportador com 3,9 mi de t e 28,9% de participação. No frango, o cenário é o seguinte: as transações irão de 13,5 para 16,7 mi de t (+3,2 mi de t ou +23,7%); México será o grande importador com 1,5 mi de t ou 11,1%; e o Brasil o principal fornecedor, com 6,8 mi de t ou quase 41%. Por fim, no suíno, temos: comércio indo de 9,9 para 12,4 mi de t (+2,5 mi de t ou +25,3%); China como principal importador, com 2,6 mi de t ou 21,8%; Estados Unidos como líder nas exportações com 4,2 mi de t ou 33,9% de market share; e o Brasil aparecendo em 3º colocado, com 2,3 mi de t e 18,5% do mercado.
Após a avaliação dos dados anteriores, é interessante destacar alguns aspectos. A China será o principal importador de milho (11,0%), soja (62,4%), carne bovina (28,9%) e carne suína (21,8%); e o segundo em algodão (19,0%). Já o Brasil será o líder nas exportações de milho (32,8%), soja (60,1%), carne bovina (28,9%) e frango (40,7%); o segundo em algodão (27,5%); e o terceiro em carne suína (18,5%).
Em janeiro de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro foram de US$ 11,72 bilhões (+14,8% anual), o que configura um valor recorde para o período, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Apesar da queda de 5,8% no preço médio dos produtos, o aumento no volume embarcado de grãos (+19,7%) e de açúcar (+58,1%) foram os principais motivos para o crescimento. Enquanto isso, as importações subiram 8,9%, fechando em US$ 1,68 bilhão no primeiro mês deste ano. No entanto, a cifra alcançada pela compra de fertilizantes foi de US$ 806,80 mi em janeiro, uma queda anual de 27,5% que pode ser explicada pela redução no preço médio desses insumos (-37,0% ao longo do último ano).
Os 5 setores que mais participaram das exportações em janeiro foram, em ordem: “Complexo Soja” (21,4% de participação no total exportado | US$ 2,50 bilhões | +66,0% variação anual) pois embora as vendas externas geralmente não serem fortes nesse período, neste ano o volume foi recorde para soja em grãos; “Complexo Sucroalcooleiro” (15,7% | US$ 1,84 bilhão | +69,9%) uma vez que a produção brasileira de açúcar deve ser superior ao último ciclo, em meio a um cenário de preços elevados e oferta mundial limitada; “Carnes” (15,4% | US$ 1,80 bilhão | -7,3%) mesmo com retração nos preços internacionais de todos os tipos de carnes; “Cereais, Farinhas e Preparações” (12,5% | US$ 1,46 bilhão | -28,3%) devido aos baixos estoques de passagem de milho aliado a queda nos preços médios de exportação do cereal; e “Produtos Florestais” (10,7% | US$ 1,25 bilhão | +0,4%) com aumento de aquisições de celulose pela China. Estes cinco setores responderam por 75,6% das exportações, sendo apenas 1 p.p. a menos se comparado a participação obtida pelas mesmas categorias em janeiro de 2023.
O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária foi estimado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em R$ 1,194 trilhão neste ano, o que sugere uma queda de 4,4% frente os R$ 1,249 alcançados em 2023. A queda mais acentuada deve ser das lavouras, de 5,2%, ficando em R$ 806,0 bilhões (era R$ 849,8 bilhões) principalmente por conta da retração dos preços e efeitos climáticos afetando a produção de grãos. Enquanto isso, a pecuária deve retrair 2,8% em 2024, fechando em R$ 388,6 bilhões (ante R$ 399,9 bilhões em 2023). Apesar desse cenário, espera-se aumento de 1,4% na produção da bovinocultura de corte e redução de preço em 1,5%, ainda por conta do ciclo pecuária.
Meteorologistas preveem uma transição para o fenômeno La Niña na segunda metade de 2024, o que geralmente traz mais chuvas para a Austrália, Sudeste Asiático e Índia, mas clima seco para as regiões produtoras de grãos nas Américas. A maioria dos modelos meteorológicos aponta para uma La Niña fraca ou moderada, o que pode beneficiar as colheitas australianas, sul-americanas e asiáticas. No entanto, o momento e a distribuição das chuvas serão críticos para determinar os impactos sobre a agricultura. O início da La Niña entre julho e setembro pode resultar em um outono seco no cinturão do milho nos EUA, acelerando a colheita, mas também afetando o nível dos rios e pastagens.
Uma pesquisa encomendada pelo Sindiveg revelou que a área tratada com defensivos agrícolas no Brasil deve aumentar 3,7% na temporada 2023/24. Esse aumento é impulsionado principalmente pela expansão na área plantada com soja e pelas condições climáticas que aumentaram a incidência de pragas e doenças. Além disso, a entrega de fertilizantes também aumentou no último ano, quase 12% entre janeiro e novembro de 2023, atingindo 42 mi de t, impulsionada pela relação de troca mais favorável aos produtores e pelo fenômeno El Niño, segundo dados do Mapa. Apesar disso, as incertezas em relação ao plantio da segunda safra persistem, no entanto, o gasto médio dos agricultores com insumos deve retornar aos níveis anteriores à pandemia, com os preços dos principais produtos em declínio.
A China está emergindo como uma importante importadora de café, subindo para a sexta posição nas exportações do Brasil. Apesar de representar apenas 4,0% das vendas externas brasileiras, o gigante asiático tem aumento nas importações. Se continuar com sua taxa de crescimento anual per capita de 12,0%, em contraste com a média global de 0,5%, o país poderia alcançar a quinta posição global. Embora existam desafios culturais devido à tradição de consumo de chá, a produção local não vem conseguindo acompanhar o consumo interno em expansão.
Um estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), recém-publicado na revista científica “Land”, apontou que há 28 mi de ha de pastagens no Brasil em nível de degradação intermediário e severo, área que apresenta potencial para conversão em culturas agrícolas. 10,5 mi de ha referem-se a pastagens em degradação severa e outros 17,5 mi de ha em condição intermediária. Os estados com maior potencial de conversão são: Mato Grosso (5,1 mi de ha), Goiás (4,7 mi de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 mi de ha), Minas Gerais (4,0 mi de ha) e o Pará (2,1 mi de ha).
Concluindo a nossa seção de análise do agronegócio, seguem os preços dos principais produtos do setor na data de fechamento da nossa coluna. Na soja, o contrato de mar/2024 estava em R$ 111,00/sc (60kg) para entrega em cooperativa do estado de São Paulo (SPOT). No milho, o preço físico era de R$ 62,00/sc e o contrato de mar/2024 na BR estava em R$ 64,70/sc. No algodão, R$ 140,23/@, considerando a Base Esalq. Outros produtos do agro estão apresentados na sequência, de acordo com o Cepea: café arábica estava em R$ 1.017,63/sc (60kg); o trigo Paraná em R$ 1.251,75/t; a laranja para indústria a prazo em R$ 53,77/cx (40,8 kg); e o boi gordo estava em R$ 235,50/@.
Os cinco fatos do agro para acompanhar em março são:
- Estimativas para a safra 2024/25 nos Estados Unidos. Como vimos ao longo da nossa coluna, a área/produção de soja deve crescer, enquanto a de milho deve cair. Em um mercado onde os estoques de grãos já estão elevados, avaliar individualmente a situação de cada cultura é crucial para entender os balanços e impactos nos preços.
- Acompanhar a colheita da safra verão (destaque para soja/milho), observando seus respectivos resultados em produtividade e nas estimativas totais; ainda há um grande volume a ser colhido e que pode impactar diretamente o balanço no mercado. Observar também o progresso no plantio do milho 2ª safra, que segue acelerado. Ao que parece, não teremos incrementos na área prevista, mas vale avaliar este aspecto.
- Clima no Brasil sob as diversas lavouras. Estamos iniciando a neutralidade do El Niño, que deve se estender no máximo até julho quando, então, iniciaremos o La Niña. Importante avaliar estas alterações e seus impactos sob as lavouras de 2ª safra, campos de inverno e já pensar no ciclo 2024/25 a ser plantado no segundo semestre (planejamento antecipado).
- Consumo interno de alimentos no Brasil. Com o início do período de quaresma, a tendência é de alta no consumo de peixes, ovos e outras alternativas as carnes bovina, suína e de frango. Outrora, esses comportamentos podem impactar a dinâmica de embarques e vendas externas.
- Por fim, seguir observando os diversos fatores no ambiente global, dos quais destacamos: a escala dos conflitos no Oriente Médio; os protestos dos agricultores na Europa e seus impactos nas políticas internacionais; a questão diplomática envolvendo Brasil/Israel e outros países; o câmbio, onde a moeda americana vem apresentando uma desvalorização frente ao real; e os preços do petróleo e respectivos custos logísticos como consequência dos fatores listados anteriormente.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness Scholl (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, mestrando em Administração pela FEA-RP/USP e Instrutor “In Company” na Harven Agribusiness School. É especialista em comunicação estratégica no agro.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.